segunda-feira, 25 de julho de 2011

A chegada de Pedro

Voltei para um horizonte mais belo ontem. Sai de um espaço inventado e voltei para o meu espaço real. Queria falar de espaço, mas esbarrei no tempo moreno. E aí, resolvi falar desse tempo. Interno e externo. Mas acredito que vou acabar falando de muitas outras coisas também porque o mundo está incontrolável desde a minha saída da maravilhosa cidade. Enfim, coloco a culpa no aquecimento global e prossigo. Descobri, assim, num lapso de momento, que estou sentando em frente ao meu computador, que o coração está a mil batimentos e que as teclas de um velho e conhecido teclado resolveram ganhar vida. Afrontam meus dedos. Estão nervosas enquanto me reparo parado. Sim. Eu estou parado porque eu estou fugindo. Já tentei fugir desse momento várias vezes desde que desci do ônibus na rodoviária local. Minha cabeça fervilha e tudo em minha volta se move. Abri e fechei diversas vezes a janela do software de texto pensando que assim, fecharia junto essa janela - aberta no susto - em meu peito. Tento me convencer de que tudo está normal, mas o infiel companheiro peito se estufa e grita que não.

Abro uma sessão terapêutica comigo e concluo que teclas podem ganhar vida quando há movimento verdadeiro. Efetuo o pagamento da sessão em respiros e então relaxo. E escrevo. Não! Minto. Não sou eu quem escreve. São elas. Em minha frente certa página de um certo blog está aberta. Frente aos meus olhos outros fortes captados que revi-los vivos ontem e que me alimentaram de vida. Meu coração acelera. Não dá mais pra fugir. Eu faço isso há tanto tempo... E o tempo. Descobri que viver fugindo pode se tornar algo corriqueiro. Rotina facilmente adaptável. Mas pra quem tem alma livre qualquer hora é hora de acordar... E esse coletivo de teclas loucas ao qual damos o nome de teclado insiste que à hora é agora! Então entendo e me rendo. Pensei no tempo, mas agora o pensei como tamanho. Pensei na metragem desse tempo em que fugi de mim... E acabei concluindo que tudo é uma questão de referencial. Objetos medem. Sentimentos não. Longe, tudo parece naturalmente mais distante... Do alto do céu todos nós parecemos formigas. Mas perto, somos humanos e o tempo pode parecer apenas um instante. São cinco longos e compridos anos que ontem se transformaram em cinco derradeiros instantes (com a permissão do plágio) e sinto que, na verdade, nada mudou de fato. Antes eu era formiga agora sou humano. Meio formiga ainda, confesso. Mas também meio humano. (sorrio!)

Quis escrever assim, dentro dessa estranha primeira pessoa, porque cheguei nesse entrencontro em um lugar que está entre o que foi e o que vai ser. Portanto, eu sou, talvez, o mais “entre” entre os entrencontrados e quero de alguma forma, dividir o que senti quando vi os vídeos antes de partir daqui e tentar viver essa experiência que vocês viveram e que me tocou profundamente. Quis ser um pouco autoral agora. Autor da minha história que poucos conhecem. Porque, afinal, pouco falo mesmo. Ouço compulsivamente. Mas, palavras, as aprecio com moderação. Minha alma está gritando neste momento... Ela grita porque não cabe mais neste corpo burocrático. Hoje, depois de cinco anos, consegui beijar minha mãe logo que a vi pela manhã quando cheguei daí. Um verdadeiro entrencontro no meu espaço. E como isso foi bom... Estávamos tão distantes assim; se amando burocraticamente assim; exclusivamente por culpa do tempo. Esse tempo que tivemos que dividir para continuarmos vivos. Durante todo esse tempo choveu muito entre nós... E choveu forte. Até caíram tempestades de granizos que quebraram nossos telhados e os deixaram descobertos e sensíveis. Minha casa estava alagada por causa das fortes quedas e dos degelos. E ontem, o sol a secou. Pedro é um pouco de mim. Hoje acredito. Ele é duro. Porque a vida o obrigou ser assim. Mas ele ainda enverga. Sentir-me um hexapolar esquizofrênico ontem valeu para perceber que meus discretos hexaporos ainda saltam... E, dessa vez, saltaram para o colo de vocês...! Obrigado.

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